quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Alceu, pra começar o dia



Comecei o meu dia hoje ouvindo um podcast na Deezer: "Essentials" com uma das minhas jornalistas prediletas, a maravilhosa Roberta Martinelli, entrevistando Alceu Valença. Penso que nesse momento tão doloroso e crítico que estamos passando é fundamental mergulhar no melhor da nossa ARTE pra não sucumbir. E que frescor, alegria e inteligência Alceu me passa. Um dos artistas mais geniais, inquietos e criativos que temos. Um exemplo perfeito do melhor do Brasil. Nordestino, brilhante, revolucionário e cosmopolita. Um artista que pode cantar no sertão de Pernambuco ou em Paris e ser compreendido da mesma forma. Que delícia ouvir de novo a trajetória gloriosa de Alceu e lembrar que de uma forma ou de outra eu estou sempre ligada à MPB. Quando Alceu caminhou pelas ruas de Copacabana, com megafone na mão, botas até os joelhos, chapéu, barba e longos cabelos, convocando o público a comparecer ao Teatro Thereza Rachel pra assistir seu show - que no dia anterior tinha tido apenas 5 espectadores - eu cruzei com ele na Av. N. S. De Copacabana. Sim, eu vi essa cena histórica! Pena que não sabendo de quem se tratava e não levando o convite a sério, não fui ao show e achei apenas que era mais um "hippie" doido, igual a tantos outros que pairavam naquela Copacabana de sonhos e loucuras que ficou nos anos 70. Que pena pra mim, que perdi a chance de assistir in loco o que o disco "Ao Vivo" felizmente registrou. A vida me chamou, ao cruzar com Alceu na rua. Eu que não ouvi. Mas voltando ao lado bom, Alceu me fez muito bem hoje. Que delícia ouvir suas maravilhas musicais, sempre inspiradas e instigantes. Que bom constatar que esse canceriano maravilhoso continua ativo, enchendo praças e teatros. Com sua voz perfeita e o rosto sem traços de plástica ou botox como outros de sua geração. Alceu natural, com todas as marcas que a vida traz, mas com seu talento intacto, como deve ser. Tipo uma Fernanda Montenegro ou Laura Cardoso. Eu gosto de artistas assim. Inteiros, profundos, verdadeiros. Com seus rostos e talentos naturais. Brilhando sempre e sem querer parecer quem não são. Viva Alceu Valença. Viva a Arte do Brasil profundo e de verdade.

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