A primeira faixa do CD "Colando a boca no teu rosto" , foi gravada também for Fagner em seu mais recente CD, "Fortaleza" onde divide o vocal com Zeca Baleiro. "Mares Potiguares" é um significativo resumo da obra de Mirabô, principalmente suas parcerias com o baiano Capinan. Destaque para a bela "Nunca mais" , música de Mirabô sobre poema de Auta de Souza.
A produção do disco é de Jorge Lima e os músicos que participam do disco são Jorge Lima, Marco França, Jr. Primata, Joca Costa, Erick von Sohsten, Marcelo Tinoco, William da Costa, Faisal Hussein, Philipp Diego, Jubileu, Paulo Sarkis, Diana Alves, Costinha e Alexandre Johnson. Nos vocais: Rachel Grossmann, Juliana Queiroz, Tiquinha, Angela Castro e Victor Queiroz .
MIRABÔ - MARES POTIGUARES
1-Colando a boca no teu rosto (Mirabô/Capinan) - Part. de Fagner
2-Mares potiguares (Mirabô/Capinan)
3-Teu amor (Mirabô/Paulo George)
4-A quem interessar possa (Mirabô/Nêumanne Pinto/Leandro G. Barros)
5-Viço (Mirabô/Claudio Leal)
6-Fado (Mirabô/Nêumanne Pinto/Leandro Barros)
7-Pra te esquecer (Mirabô/Mauricio Tapajós)
8-Estrela D'Alva (Mirabô/Capinan)
9-Toda mulher (Mirabô/Marcos Silva)
10-Nunca mais (Mirabô)
Um trecho do livro "Umas histórias, outras canções":
“Chegando e Cantando”
"Em 1975, eu havia deixado Natal para ir morar em São Paulo. Já estava ali há mais de um ano e não conseguia me adaptar à cidade. Nos meus momentos de reflexão, eu não me via ali, apesar de ter consciência de que aquela cidade era o maior centro cultural e econômico do país. Às vezes, tentava me convencer a ficar, lembrando-me de que muitos ,movimentos de vanguarda nasceram ali: a semana de arte moderna, o tropicalismo, o teatro de Zé Celso, as produções teatrais como O Balcão, etc. Mas eu me acostumara com o calor de Natal e naquele momento eu sentia frio. Um frio que ia além do corpo. Um frio na alma. Apesar do apoio moral vindo do poeta e parceiro musical, o jornalista Dailor Varela, responsável pela minha ida para aquela capital, chegou um dia que não deu mais para ficar. Apoiado por Odaíres, com quem estava casado na época, juntei os poucos trapos que tínhamos e, com nosso filho, Carlo Gil, nos mandamos para o Rio de Janeiro, aonde moravam suas irmãs Grace (já com emprego certo) e Terezinha de Jesus, que estava tentando consolidar sua carreira de cantora, o que realmente aconteceu. Terezinha, algum tempo depois chegou a ser contratada pela gravadora CBS onde ainda gravou cinco discos, todos eles contendo, além de outras, uma música de minha autoria em parceria com o poeta e amigo José Carlos Capinan.” ...
"Naqueles primeiros dias de Rio de Janeiro, fui ao teatro João Caetano a fim de ver um show beneficente, daqueles em que vários artistas se apresentam, cada um cantando um número limitado de músicas. Vários artistas já consagrados no cenário musical brasileiro iam se apresentar. Terezinha, com quem eu tinha ido, ao ver o compositor Geraldo Azevedo, de quem já era amiga, tratou logo de nos apresentar, embora nós já soubéssemos algumas coisas um do outro, pois tínhamos um amigo em comum, o escritor pernambucano Jomard Muniz de Brito, o qual, sempre que vinha a Natal, falava de Geraldo para mim e vice-versa. Enfim, já nos conhecíamos, faltava era ficarmos cara a cara. Geraldo, depois de um abraço demorado e sincero, foi logo me perguntando:
-Vai cantar, velho ?
-Claro que não! Estou chegando agora...O que é que eu vou fazer no meio de tanta estrela ? Ainda mais num teatro desses ...No Rio de Janeiro...tá doido ?- eu disse.
-E eu ? Você acha que sou esse famoso todo ? Estou começando agora - completou. E continuamos ali conversando. Eu feliz por ter finalmente conhecido aquela pessoa que todos os amigos tem como um grande companheiro.
Continuávamos tagarelando ali atrás do palco, quando o produtor do espetáculo chegou perto de nós e falou para Geraldo que o show ia começar e ele seria um dos primeiros a se apresentar. A essa altura, o compositor de Caravana pediu para que eu ficasse ali, pois continuaríamos a conversa depois de sua apresentação. Dali mesmo detrás do palco e ao lado de outros cantores participantes do evento, fiquei assistindo a tudo com um certo olhar de deslumbramento. O show foi iniciado. Cada artista a se apresentar cantava três músicas e em seguida ia chamando o próximo.
Chegou finalmente a vez de Geraldo Azevedo que, depois de cantar duas músicas, falou para a platéia que o ouvia atenta:
- Gente! Eu , como todos os que se apresentaram até agora, teria que cantar três músicas. Mas acabei de conhecer um cara que já era meu amigo há muito tempo, embora nunca tivéssemos nos encontrado. Ele é do Rio Grande do Norte, é compositor e recém-chegado ao Rio. Vai cantar a terceira música a que tenho direito. E me anunciou.
Entrei naquele palco meio que no susto. Recebi o violão das mãos de Geraldo e cantei A Quem Interessar Possa, uma canção que fiz em parceria com o paraibano José Nêumanne Pinto (atualmente comentarista político do telejornal do SBT) sobre um cordel de Leandro Gomes de Barros e uma citação de Oswald de Andrade que diz:
Saibam quantos
Esta canção ouvirem
Que te amo
Do amor maior
Que possível for
Tomo tua mão
Não sou seu amo e senhor
Sou só teu amor
E és meu amor também
Mil cento e vinte anos
Eu vivi no abandono
Porém quem ama tem força
Vence fome, sede e sono
O amor nasce no mundo
Já destinado ao seu dono
O público, que lotava o teatro João Caetano, foi mais do que generoso comigo: não só me aplaudiu bastante como ainda me fez cantar mais uma. Geraldo voltou ao palco, me abraçou e, além de ser aplaudidíssimo pelo gesto, também cantou finalmente a terceira música a que tinha direito, lógico, a pedido da calorosa platéia. Foi assim a minha primeira apresentação no Rio de Janeiro.”
Trecho retirado do livro “Umas histórias, outras canções” de Mirabô Dantas, Natal, RN – 2007 – Págs. 37 a 39.
-Vai cantar, velho ?
-Claro que não! Estou chegando agora...O que é que eu vou fazer no meio de tanta estrela ? Ainda mais num teatro desses ...No Rio de Janeiro...tá doido ?- eu disse.
-E eu ? Você acha que sou esse famoso todo ? Estou começando agora - completou. E continuamos ali conversando. Eu feliz por ter finalmente conhecido aquela pessoa que todos os amigos tem como um grande companheiro.
Continuávamos tagarelando ali atrás do palco, quando o produtor do espetáculo chegou perto de nós e falou para Geraldo que o show ia começar e ele seria um dos primeiros a se apresentar. A essa altura, o compositor de Caravana pediu para que eu ficasse ali, pois continuaríamos a conversa depois de sua apresentação. Dali mesmo detrás do palco e ao lado de outros cantores participantes do evento, fiquei assistindo a tudo com um certo olhar de deslumbramento. O show foi iniciado. Cada artista a se apresentar cantava três músicas e em seguida ia chamando o próximo.
Chegou finalmente a vez de Geraldo Azevedo que, depois de cantar duas músicas, falou para a platéia que o ouvia atenta:
- Gente! Eu , como todos os que se apresentaram até agora, teria que cantar três músicas. Mas acabei de conhecer um cara que já era meu amigo há muito tempo, embora nunca tivéssemos nos encontrado. Ele é do Rio Grande do Norte, é compositor e recém-chegado ao Rio. Vai cantar a terceira música a que tenho direito. E me anunciou.
Entrei naquele palco meio que no susto. Recebi o violão das mãos de Geraldo e cantei A Quem Interessar Possa, uma canção que fiz em parceria com o paraibano José Nêumanne Pinto (atualmente comentarista político do telejornal do SBT) sobre um cordel de Leandro Gomes de Barros e uma citação de Oswald de Andrade que diz:
Saibam quantos
Esta canção ouvirem
Que te amo
Do amor maior
Que possível for
Tomo tua mão
Não sou seu amo e senhor
Sou só teu amor
E és meu amor também
Mil cento e vinte anos
Eu vivi no abandono
Porém quem ama tem força
Vence fome, sede e sono
O amor nasce no mundo
Já destinado ao seu dono
O público, que lotava o teatro João Caetano, foi mais do que generoso comigo: não só me aplaudiu bastante como ainda me fez cantar mais uma. Geraldo voltou ao palco, me abraçou e, além de ser aplaudidíssimo pelo gesto, também cantou finalmente a terceira música a que tinha direito, lógico, a pedido da calorosa platéia. Foi assim a minha primeira apresentação no Rio de Janeiro.”
Trecho retirado do livro “Umas histórias, outras canções” de Mirabô Dantas, Natal, RN – 2007 – Págs. 37 a 39.
Contatos com Mirabô para adquirir o livro e o CD Mares Potiguares: mirabo.potiguar@hotmail.com
Aproveitando que Mirabô mencionou Terezinha de Jesus, a bela potiguar de voz marcante, vamos falar um pouco sobre a carreira dela, que começou como a maioria dos cantores e compositores: os festivais de música. Nos anos 70, Terezinha veio para o Rio e foi uma das artistas iniciantes a ter seu nome selecionado para participar do Projeto Vitrine da Funarte. O projeto consistia do lançamento de compactos que eram vendidos na sede da Funarte. O compacto de Terezinha saiu em 1978.
TEREZINHA DE JESUS - Compacto duplo - Projeto Vitrine - 1978
Lado A
1-Vento Nordeste (Suely Costa/Abel Silva)
2-Cigano (Fagner)
Lado B
1-Fulô da fuloresta (Geraldo Nunes/ João Silva)
2-Não posso crer (Mirabô/Capinan)
Em 1979, Terezinha de Jesus foi contratada pelo selo EPIC, na mesma época em que Fagner dirigiu o selo e lançou 5 LPs, sendo o último em 1983. Participou de vários shows, sendo um dos mais importantes o projeto Seis e Meia quando dividiu o palco com o maranhense João do Vale. Sem gravar mais discos, nos anos 90 Terezinha de Jesus voltou a residir em Natal, onde chegou a se apresentar em alguns projetos locais.
Outro artista mencionado por Mirabô em seu livro, Geraldo Azevedo, veio para o Rio de Janeiro para acompanhar a cantora Eliana Pittman em seus shows, mas ainda em Recife, nos anos 60, Geraldo já tinha participado de uma gravação, acompanhando a cantora Lisette. Nesse mesmo compacto, temos a participação de Naná de Vasconcelos tocando bateria. Talvez essa seja, senão a primeira, uma das primeiras gravações de Geraldo Azevedo.
Lisette - Compacto simples - Rozenblit Discos - 1967
Outro artista mencionado por Mirabô em seu livro, Geraldo Azevedo, veio para o Rio de Janeiro para acompanhar a cantora Eliana Pittman em seus shows, mas ainda em Recife, nos anos 60, Geraldo já tinha participado de uma gravação, acompanhando a cantora Lisette. Nesse mesmo compacto, temos a participação de Naná de Vasconcelos tocando bateria. Talvez essa seja, senão a primeira, uma das primeiras gravações de Geraldo Azevedo.
Lisette - Compacto simples - Rozenblit Discos - 1967
Infinito (Paulo Guimarães)/Severino do Sertão (Vila Nova /Benjamim Santos)
Naná Vasconcelos em pé, de lado
6 comentários:
Klaudia, na qualidade de pesquisador me curvo à sua grandeza de pesquisadora fonte de pesquisadores :)
Parabéns mais uma vez!!!
A cultura brasileira agradece.
Abraços do fã Pedro Rogério
mais um maravilhoso trabalho seu, né?
que máximo!!!!!!
beijão,
apá
Klaudia que bolg maravilhosdo esse seu, e que revival, Terezinha de Jesus, me foi apresentada pelo produtor musical Carlos Silva, in memória, era meados dos anos 70,passei um dia em sua casa ouvindo-a cantar.
Esperei muito outra cantora da MPB chegasse a sua altura, sem ofuscar as que não conheço, pois estive EXILADA rsrs, acredito que passou a faixa para a Khrystal.
Parabens pela memória musical.
que momento maravilhoso da cultura potiguar, em especial da música. poder conhecer mirabô dantas e seu trabalho de varias decadas é sem duvida algo edificante para mim e cultura potiguar. parabéns mirabô.!!!!!!
Klaudia,
Fico feliz em ver o seu trabalho. Pra mim que sou independente, não uso meios convencionais pra divulgar a minha música e de parceiros, é gratificante ver até onde ela vai.
Obrigado por você existir.
Mirabô
MEU AMIGO MIRABÔ... EU SOU AQUELE CARA CABELUDO QUE UM DIA BATEU NA TUA PORTA NA CIDADE DE AREIA BRANCA -RN: EU, DUDU CAMPOS E ZELITO CORINGA.... SINTO-ME FELIZ EM TE TER NO MEU CORAÇÃO E SEMPRE CANTAR NOS MEUS SHOWS " A QUEM INTERESSAR POSSA..."; MÚSICA LINDA, LINDA IGUAL A TUA ALMA GENEROSA. BEIJOS PARA TI E CARLOS GIL E OBRIGADO PELA TUA AMIZADE QUE GUARDO NO MEU CORAÇÃO. Patrício Júnior
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