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segunda-feira, 23 de novembro de 2020

AoCoral ao vivo no Minas Tênis Clube -21/11/20

📷 Klaudia Alvarez

O país acaba de completar 8 meses de uma situação única e inesperada: um isolamento social causado por uma pandemia que transformou a vida de todos nós. Sem dúvida que um dos setores mais atingidos foi o cultural. O primeiro a parar suas atividades e o último a tentar recomeçar. E, justamente por ser o mais criativo, novas formas de comunicação dos artistas com o público foram usadas e as lives se tornaram uma das principais vias. 

Com seu território continental, seus inúmeros talentos musicais e com o main stream dominado por apenas um estilo de música, os artistas independentes e os realmente talentosos usaram, com sabedoria o recurso das lives para atingirem um número muito maior de pessoas. Foi um grande feixe de luz nesse momento tão delicado e difícil que estamos atravessando e eu tive a grata surpresa de conhecer novos artistas que até então não tinham chegado ao meu coração.  Entre eles, um artista se destaca por sua extrema competência, sua sensibidade e sua luz imensa. Falo de AoCoral, um jovem de 30 anos, natural de Jequié, Bahia e atualmente radicado em Belo Horizonte, MG.

Uma amiga me falou sobre ele e fui logo pesquisar. Virou paixão à primeira vista. Um timbre delicioso de se ouvir, um visual único e cativante, um violão tocado com personalidade e letras de arrepiar a alma. Tem combinação mais explosiva? E o resultado é talento à flor da pele.

Passei a acompanhar as lives feitas por AoCoral em seu perfil do instagram e a cada vez me encantando mais com suas letras extremamente poéticas e humanas que falam sobre suas vivências, sobre a luz e sombra que somos. Antes de tudo, Coral é um grande poeta, daqueles que sabem tratar bem e moldar as palavras com extrema sensibilidade. Em uma dessas lives  Coral anuncia que vai fazer um show no Minas Tênis Clube, que vai ser live, mas também será permitido plateia, com poucas pessoas, devido à pandemia. Na mesma hora meu coração de fã, que ama ver de pertinho os artistas que admiro, já começou a bater mais rápido e a vontade de contemplar - em carne e osso - aquela lindeza que tinha me encantado/hipnotizado só aumentava. Para quem costumava sair para shows e eventos culturais quase que diariamente, 8 meses de isolamento total e absoluto eram um tremendo incentivo. Mesmo com todo o risco e apreensão por causa da pandemia, deixei o receio trancado em casa, convidei uma amiga e parceira de loucuras musicais a ir comigo e parti pra BH.

O teatro do Minas Tênis Clube é lindo. Seus mais de 600 lugares sãos perfeitos para um show musical e imagino que incrível deve ser ele lotado. E foi para uma plateia lotada que o show - AlCoral convida Sérgio Pererê - foi planejado e feito.  Com luz e projeções perfeitas, o primeiro show de Coral em um teatro com banda e plateia foi histórico e impecável. Com uma banda super competente formada por Dudu Amendoeira nos teclados, Glauco Mendes na bateria, Pedro Fonseca no contrabaixo e violão e Débora Costa na percussão, Coral fez um belo passeio por suas canções autorais maravilhosas. Deu um show à parte no figurino que tão bem traduz a sua personalidade não binária. Mesmo não sendo ainda um artista com o alcance de público que o seu talento merece e que vai ter, Coral já tem os seus "clássicos". As canções prediletas dos fãs que o seguem com toda a paixão que ele desperta, e entre elas estão "Cigana" e "Fugitivo", praticamente autobiográfica e que abriu o show, com um lindo e emocionado depoimento da avó do artista. Era só o começo das emoções que viriam a seguir em um show perfeito, onde Coral mostra um total domínio do palco e do seu ofício. Aquela sintonia e simbiose entre artista e público que se observa quando um dos grandes pisa no chão sagrado que é o palco. E, para completar, Coral ainda convidou um verdadeiro elfo das montanhas mineiras, o fantástico Sérgio Pererê, que, junto com ele, nos transportou para o lugar mágico das canções perfeitas.

Você pode até acreditar em tudo que leu até agora, mas eu prefiro que você tire a prova dos nove de tudo que falei(ou melhor, escrevi) aqui, porque o Minas Tênis Clube fez a maravilha de registrar o espetáculo completo, que está disponível no canal deles no You Tube.

Se você é uma pessoa sensível, aberta pro novo e gosta de música de muita qualidade e encharcada de poesia, te convido a escolher seu lugar preferido, apertar o play e mergulhar em um mar repleto de corais. Daquele de águas transparentes e profundas. Habitado por seres tão lindos e surpreendentes que seus olhos não cansam de admirar e que sua alma agradece a chance de poder conhecer. Uma hora e quinze minutos passeando por um lugar onde você gostaria de morar. Confira!


SET LIST DO SHOW:

1- Fugitivo (Coral)
2- Cubículo (Coral)
3- O fim do mundo (Coral)
4- Cigana (Coral/Max Teixeira)
5- Tá me entendendo, pai? (Coral)
6- Domador de cavalos (Coral)
7- Woman (Maurício Tizumba/Sérgio Pererê)
8- Exu (Coral/Matheus Soares/Larissa Caldeira)
9- Rainha de paus (Coral)
10- Verso (Coral/Max Teixeira)
11- Contrato (Coral/Max Teixeira)
12- Aro (Coral)
13- Natal (Coral/Max Teixeira)
14- Jequié (Coral)

☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆

E, para finalizar, gostaria apenas de dizer a Coral, artiste, baiane, não binárie - como ele se define - que agradeço demais sua existência. Obrigada por tornar o meu aqui e agora  bem melhor.






 

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